terça-feira, 29 de julho de 2014

Vale a pena chorar pelo que permitimos

Por Nádia Mello

Nunca reclame do que você permite...  Vi  esse post  recentemente  no face de uma pessoa amiga. Fiquei impressionada porque todas as curtidas eram de mulheres. Resolvi buscar a postagem anterior que deu origem a esse compartilhamento e vi que cerca de 35 mil pessoas haviam compartilhado e  um número ainda bem superior de mulheres se identificou.  Eu arriscaria em 80% o percentual de mulheres que compartilhou e comentou a frase.  E, como parte desse universo, me senti impelida a refletir.  A questão não é lamentar o que permitimos. Às vezes é inevitável.  A questão é entender o motivo de permitirmos e de como reagimos depois disso. Que tipo de  fragilidade, insegurança, carência ou amor pode fazer com que passemos por cima do que realmente desejamos para nos permitir viver, manter e até voltar a situações que nem sempre estão de acordo com os nossos ideais?  Por que permitimos algumas condições,  seja no trabalho,  no amor ou na vida em geral, quando sabemos que não vão permanecer nos fazendo bem?

A falta de um norte ou de uma referência positiva seja em qual for a área da vida, cujos acontecimentos envolvam uma permissão imatura de nossa parte, poderia explicar nossas insatisfações. Mas certamente a descoberta disso e de possibilidades de novos horizontes nessas áreas exigiriam aprofundamento, busca pelo autoconhecimento.  Essa é a parte boa do permitir o indesejável, sofrer as consequências, chorar quando tudo dá errado.  Isso nos faz sentir pequenos e nos enche de força para mergulharmos em nós mesmos. Dói , mas passa, e podemos tirar um bom proveito disso.  É uma oportunidade excelente para ir e vir em nossas emoções, por mais incoerentes que possamos parecer, até nos encontrarmos de verdade.  Esse encontro com a gente vale a pena no final. Vale a pena reclamar, sim. Vale a pena chorar, mesmo quando permitimos. É valioso refletir e sobretudo isso nos ajuda a crescer, nos fortalece, nos faz perceber que somos humanos.
   
Como saber a razão de  tomarmos as atitudes que tomamos, do jeito que tomamos? Por que fazemos o que fazemos da maneira que fazemos? Por que deixamos de fazer aquilo que gostaríamos ou deveríamos fazer? As respostas a esses questionamentos de acordo com o Dr. Carlos Carturan, especialista em Medicina Comportamental,  definem o nosso autoconhecimento.  E, de acordo com ele, o  autoconhecimento  influencia no nosso equilíbrio emocional . “ Todas as atitudes que tomamos na vida hoje é fruto de algo que aprendemos lá atrás.  Elas têm um conteúdo emocional por trás”, defende. 

Há estudos da neurociência que dizem que o ser humano age por dois mecanismos: ou a busca do prazer ou a fuga da dor.  Em 90% dos casos fugimos da dor  e  não buscamos o prazer.  O controle emocional vem do equilíbrio dessas duas vertentes.  Ainda de acordo com ele, quando nos conhecemos conseguimos direcionar melhor as escolhas que fazemos na vida, conseguimos esperar.  Não podemos controlar as emoções, mas podemos controlar o modo de  agir frente às situações, as reações a essas emoções. Isso está relacionado ao equilíbrio emocional. 

O ideal é que a gente saiba quando tomar as decisões e quando deve esperar  as coisas acontecerem de forma serena.  É o que venho tentando aprender, ainda sob o impacto das minhas últimas permissões e reações. Isso advém da busca pelo autoconhecimento. 

É verdade que Deus nos responde.  Mas é  fato também que precisamos desse encontro conosco até para que essa caminhada com Ele seja madura e possamos ouvi-lo corretamente. E talvez por isso seja o próprio Deus quem nos permita permitir aquilo que nem sempre será bom no final,  em boa parte das vezes por motivos relacionados a nós e não ao outro ou às situações permitidas. Isso nos levará ao crescimento. Ao nos conhecermos mais, enxergaremos melhor e teremos o equilíbrio necessário para respondermos bem às melhores escolhas. 

Então entenderás a justiça, o juízo, a equidade e todas as boas veredas.  Pois quando a sabedoria entrar no teu coração, e o conhecimento for agradável à tua alma .(Provérbios 2:9-10)

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